Este domingo, como muitos outros domingos, passei-o na companhia da minha mãe. No meio de uma conversa banal sobre os bebés das minhas amigas, a minha mãe saiu-se com a pergunta que eu já há muito esperava e que ela já há muito queria fazer: - "Então e vocês, não querem ter filhos?".
A minha mãe sempre foi uma pessoa muito discreta e não é de se meter na minha vida e do meu amor. Nem de fazer o tipo fazer aquelas perguntas e comentários que nos deixam sem jeito. De tal forma que perante uma pergunta tão objectiva só pude responder que "Sim". E ela "esta é uma boa altura". "É, mas as coisas nem sempre podem ser planeadas...Se fosse por nossa exclusiva vontade já cá estava", respondi eu.
E a conversa ficou-se por aqui. Como já perceberam, não partilhei a minha infertilidade com a família, nem com amigos (à excepção de uma amiga). Mas precisei de desabafá-la com quem sabe o que sinto, com quem passa ou já passou pelo mesmo. Daí a minha presença no Fórum da APF e na criação deste cantinho.
Para mim, é um alívio ter conseguido partilhar com a minha mãe parte da história...ainda que de uma forma muito abstrata...Ela percebeu que desejamos muito a maternidade, mas que ainda não aconteceu.
Não sei se lhe irei contar toda a história...não sei se antes ou depois de alcançar o meu bebé...não sei...
Somos um casal infértil. No nosso grupo de amigos e familiares não conhecemos ninguem que esteja a passar pelo mesmo. O que não quer dizer que não existam, mas que não consigam partilha-lo, como acontece conosco...
Amanhã a APF vai fazer uma "manifestação" em frente à AR. Louvo a iniciativa. Mas não sou capaz de dar a cara. Ainda não sou capaz. Não me sinto mal por isso. A infertilidade, como qualquer doença, é algo que não queremos. Ninguem tem prazer ou gosto em dizer que sofre disto ou daquilo...Mas quando amadurecemos a ideia, conseguimos encara-la de frente e até pensar: o meu testemunho, a partilha da minha experiência pode fazer bem a alguém...E isso ajuda-nos a andar para a frente.
Um dia vou sair de trás do teclado...
11 comentários:
Sei exactamente como te sentes, tb não tenho coragem de dar a cara (ainda) é tudo muito recente, e o tema até dentro da nossa casa ainda divide um pouco as opiniões. Para além disso, era impossivel faltar ao trabalho...
Há tempos tb partilhei um pouco do "segredo" com a minha mãe, porque me estava a pressionar um pouco com o assunto, desde ai nunca mais me perguntou quando lhe dou um neto, mas sinto que tb não percebeu exactamente aquilo por que estamos a passar.
Em relação ao 2º espermograma, o Dr. não nos deu uma data, disse para fazermos na Cemeare e quando tivessemos o resultado para irmos conversar com ele. Mas eu como não gosto muito de esperar, marquei já para dia 8 de Novembro, e vou marcar a nova consulta para dia 13/11, será que é cedo???? O P. acha que deviamos esperar até Dezembro... (isto hoje foi um testamento, desculpa!!!)
Bjokinhas grandes,
Querida Drikas, vamos amadurecendo a ideia por aqui...até ao dia em que conseguiremos partilha-la abertamente.
Quanto ao espermograma, a minha GO sublinhou bem que TINHA de ser feito 3 meses após o anterior. Porque o ciclo de produção de espermatozoides é de 90 dias...Senão podes estar a "apanhar" exactamente os mesmos...e enganar os resultados...Vê lá quando fizeste o anterior...
Beijocas
Oi miga,
O Dr. Calhaz não nos disse nada em relação ao tempo de distancia entre um exame e outro!! O 1º foi feito à menos de 3 meses... Mas acho que vou arricar e fazer já o 2
Bjokinhas,
Converso com a minha mãe desde o inicio da nossa luta, e isso faz-me mto bem. Pois da-me um apoio e uma esperança incondicional.
Bjs
Oi Angel,
Eu estava a tentar evitar que a minha mãe sofresse...Mas se calhar, daqui para a frente vou ter que me abrir mais...mas não é fácil...
amiguita como te comprendo ñ é fácil dizer que, conseguimos dar um netinho ás nossas mães eu tb escondi mto tempo até k consegui melhor degerir a infertilidade e abri-me hoje sinto-me mais aliviada mas sei k foi mais um sofrimento que lhe dei.
Com o tempo vais conseguir abrir-te.
beijinhos xeios de força e mto carinho
Ñ é facil querida mas veras que ela te vai dar mta força.
Bj
Pois é Nykita,
Por um lado desabafar permite-nos tirar um peso sobre os ombros...mas coloca-lo também nos ombros daqueles que mais amamos...
Olá!
Eu tive de contar, porque tenho uma sogra positivodesesperada... acreditas que ela chorou quando a filha da vizinha engravidou? Que só ela é que nunca ia ser avó... E isto aconteceu ainda antes de casarmos e de começarmos a tentar... Se eu dizia que me doia a cabeça, ou que alguma comida me tinha caido mal, a resposta certa era "isso são pézinhos..." Claro que com o tempo se apercebeu que alguma coisa não estava bem, e sempre a fomos pondo a par das coisas, o que foi muito bom, porque a pressão diminui muito... claro que entretanto tive de contar também à minha mãe, aliás, contei logo quando marquei a primeira consulta, porque uma vez que a minha sogra sabia, tive receio que fosse comentar alguma coisa, e a minha mãe ficaria muito triste por saber por terceiros... Tem sido bom, porque nos têm apoiado, claro que não conto os detalhes do tratamento, nem elas sabem que é suposto ficar-se grávida na sequencia do tratamento... Mas é sempre melhor contar, ainda bem que o iniciaste... Beijinhos, Tânia
Olá Tânia,
Obrigada pela tua visita e por me contares a tua experiência. Realmente, quando nos começam a pressionar muito, o melhor é desabafar...Eu agora quando alguém me perguntar já me sinto com coragem de dizer: "já estamos a tentar, mas não estamos a conseguir"...São passos pequeninos...mas são aqueles com que me sinto segura e isso é o mais importante.
Os nossos Pais e familia mais próxima, tal como as minhas irmãs sabem de tudo, mas às vezes sinto um sufoco enorme, não sei explicar, no meio de conversas, já percebi que não percebem muito bem o que é isto dos ttt, e fico triste e sem forças para explicar, enfim, mas à minha Mãe não me arrependo nada de ter contado :-)
Um grande beijinho
Cakuxa
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